sábado, 26 de fevereiro de 2011

SANTO CÍNICO


Moçoilas
Aos seus pés ajoelhavam

Promessas faziam
Pediam, rezavam...

Acreditavam, confessavam
E em vão esperavam...

Era um Santo Cínico
que vivia de frozô

Enganando mocinhas
Que acreditavam no amor...

Cinicamente feliz, de cabelo cacheado
Tinha mais era a cor do pecado...

Olhar de mormaço
D'um calor sedutor

Acreditava-se que era mesmo
O Santo do Amor

Mas as promessas
No armário arquivadas

Fazia-o sorrir
Das moçoilas apaixonadas...

Que nem de longe imaginavam
Que era tudo conversa fiada

(Taciana Valença)



quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

LEMBRANÇAS....



A maiora das crianças já tinham ido embora. Eu sempre ficava até mais tarde porque minha mãe trazia meus irmãos que estudavam no turno seguinte. Havia mudado de bairro, de escola, de idade....e de  quebra, ganho um irmãozinho, desdentado, gorducho e com o qual eu não tinha nenhuma espécie de diálogo (óbvio).

O tempo passava e aquela música triste me dizia que eu poderia estar esquecida. Algumas coisas  tristes, misturadas com um pouquinho já de fome, normal, pelo adiantado da hora, traziam-me pensamentos melancólicos..., talvez melancólicos demais para alguém da minha idade. "E se tivesse acontecido alguma coisa?",  "E se realmente me esqueceram aqui?", "E se minha mãe desaparecesse? Quem cuidaria de nós, já que meu pai tinha que trabalhar pra sustentar os filhos?". Escondia o rosto para que os funcionários da escola não percebecem as lágrimas que rolavam diante dessas perguntas. E desde cedo, já com os botões da farda, eu pensava: " A vida não é fácil".

É, a vida sempre me pareceu uma responsabilidade enorme, como se algo muito valioso nos tivesse sido emprestado. Emprestado sim, pois a responsabilidade neste caso seria ainda maior, pois um dia, de alguma forma, teríamos que devolver ou prestar contas. Como? Eu não sabia, como ainda não sei.

Jamais esqueci daquela sensação. A solidão daquele momento. A tristeza da impotência da espera. O medo do abandono. As incertezas da vida que desde então me intrigavam.

Ultimamente tenho sentido essa sensação. Não estou à espera da minha mãe e graças a Deus ela nunca me esqueceu, nem mesmo sei o que ainda espero da vida, mas este nó na garganta me trouxe àqueles dias de volta e por mais que tenham pessoas em minha volta eu pude sentir, novamente, a terrível solidão que senti naqueles dias da minha infância.

(Taciana Valença)

Perto de Casa Felipe Macedo 1

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

sábado, 5 de fevereiro de 2011

ANGÚSTIA


 
 
Ah! Hiperestésica alma!
A induzir-me às ausências
Fazendo-me cega nas noites
A ouvir coisas que bem sei
Não caberiam a mim sabê-las
...
Melhor seriam
Eternamente ocultas
Que arrostando-me
Com o dedo no gatilho
Nessa angústia
Como a andar sobre os trilhos
Aguardando o impacto
Do já cansado estribilho!

(TACIANA VALENÇA)